sábado, 1 março, 2025
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    MC Cabelinho protagoniza seu primeiro filme “Confia: Sonho de Cria” após duas novelas

    Em "Confia: Sonho de Cria", o artista interpreta um jovem de comunidade que sonha em se tornar um famoso cantor de trap

    Há um tempo, o sucesso do MC Cabelinho transcendeu a música e chegou à dramaturgia. O artista vem sendo uma das apostas da TV Globo em outras vertentes e já participou de duas novelas; “Amor de Mãe” [2019] e “Vai na Fé” [2023].

    “Até hoje, eu não entendo o carinho que a Globo tem por mim”, diz o popularmente também conhecido como Little Hair, que teve a estreia do seu primeiro filme como protagonista, “Confia: Sonho de Cria“, lançado no último sábado (08) no Globoplay.

    Os roteiristas Fabricio Santiago, Renato Sofia e Pedro Alvarenga sempre acreditaram no potencial do funkeiro carioca e, já nas primeiras leituras de “Vai na Fé“, o trio que colaborou com Rosane Svartman na trama das sete já sabia que ter o nome de Cabelinho em alguma produção seria um grande acerto. 

    “O Hugo era um personagem pequeno, mas o Cabelinho cresceu. Vimos que sempre tínhamos um retorno bom com o personagem. Um dia, quando saía do Projac, tinha atores conversando, trocamos uma bola e eu disse que ele arrastaria uma multidão para o cinema e que a gente deveria escrever um filme para ele”, conta Renata, ressaltando o destaque do personagem interpretado pelo MC.

    Essas primeiras conversas, então, foram responsáveis pelo que veio a se tornar a obra final, protagonizada pelo sócio-fundador da gravadora Bairro 13 e Malía – mais uma artista que se divide entre a música e a atuação.

    Confia: Sonho de Cria” retrata a trajetória de Nando, um jovem morador do PPG (complexo de favelas carioca formado por Pavão, Pavãozinho e Cantagalo), que trabalha como entregador em uma lanchonete de Copacabana e sonha em ser uma estrela do trap, mas não tem muitas oportunidades.

    Semelhanças entre Nando e MC Cabelinho

    Com o nome de batismo Victor Hugo Oliveira do Nascimento, MC Cabelinho também é nascido e criado no Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, e possui algumas outras semelhanças com o personagem do filme.

    “Nando tem muita coisa que me lembra meu passado, como o lance de ele estar presente com a avó, fui criado por ela numa época. Entregava comida com ela pelo morro”, explica o artista.

    “Eu fui esse menor sonhador. Sempre quis cantar, ter o meu espaço na música, ter o meu espaço na cena. Mas, assim como o Nando, também teve uma época em que eu precisei fazer outros corres. E eu já fiz de tudo um pouco. Já ajudei meu tio a instalar persiana na casa das pessoas, já trabalhei em oficina mecânica, já fui estoquista de loja e já vendi papel de presente nas ruas de Copacabana na época do Natal. Eu já cantava, soltava as minhas músicas na internet. Mas ainda não dava para eu viver de música naquele momento.”

    – MC Cabelinho

    O filme busca mostrar para os telespectadores uma visão da periferia para além do crime e da violência, como normalmente acontece nas outras produções que têm as comunidades como cenário.

    “Fico feliz que o roteiro não precisou citar nada de crime. As pessoas já olham para a gente achando que quem é da favela é traficante, e o Nando não tem nada a ver com isso”, reflete Cabelinho.

    Os roteiristas também citam a importância da situação. “Desde o início, a gente teve essa preocupação de fazer um filme que representa a favela como esse lugar onde é possível se sentir realizado e viver afetos. Queremos mostrar o lado mais luminoso e positivo desses personagens”, diz Fabrício Santiago.

    Por que Malía ainda não havia atuado?

    Malía fez sua estreia como atriz e revela que sempre se imaginou atuando, mas ainda não havia surgido uma oportunidade que despertasse a vontade de colocar o desejo em prática.

    “Queria um projeto que me deixasse confortável nesse lugar, e com esse filme eu encontrei isso. É um filme que gostaria de ter assistido quando fiz 15 anos”, destaca ela.

    A cantora interpreta Jaque, responsável por aparecer na vida de Nando e o ajudar a lutar por seus sonhos. 

    “A Jaque tem fome. Ela é apresentada no filme assim e eu gosto muito dessa definição. Então, quando o Nando se vê sem chance, ela cria uma chance para ele. Ela é uma pessoa que nunca teve oportunidades, então, se acostumou a criar as próprias oportunidades. Onde ele não vê um caminho, ela inventa – do pior modo possível, mas ela inventa”, elogia Fabrício.

    A importância de ocupar espaços

    Diretor do longa-metragem, Fabio Rodrigo aborda o quão é interesse ter nomes como MC Cabelinho se aventurando para além da música.

    “Esse exemplo que a gente usa do Cabelinho estar expandindo a arte para outras áreas, acho que serve como inspiração para todos nós enquanto seres humanos. Às vezes a gente é colocado em certas caixas. Eu acho que isso abre portas e portais para todos nós experimentarmos novos lugares”, defende.

    O funkeiro, por sua vez, acrescenta: “Já estamos furando a bolha desde o momento que tem favelado na Globo. Por mais que sejam poucos, ainda assim tem gente lá representando nosso funk, trap, levantando nossa bandeira. E eu acredito que vai aumentar cada vez mais. Estamos trabalhando para isso. Vamos furar muita bolha ainda, pode ter certeza.”

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