A cena urbana nacional vive um momento de efervescência criativa onde as barreiras entre gêneros se tornam cada vez mais difusas. É nesse cenário de experimentação que a produtora musical e guitarrista SARTØR apresenta seu mais novo trabalho. Nesta quinta-feira, dia 11 de Dezembro, chega às plataformas digitais o single Azul Oceano, uma faixa que marca o encontro visceral entre a distorção do rock e a rítmica do trap. O lançamento não apenas introduz uma nova estética sonora para a artista, mas também abre oficialmente os caminhos para seu próximo EP solo, previsto para o primeiro semestre de 2026.
Para dar vida a essa composição, SARTØR convocou dois nomes que vêm ganhando tração no rap brasileiro: Romano e Niina. A escolha dos colaboradores foi cirúrgica para complementar a atmosfera “dark” e introspectiva proposta pela instrumental. Azul Oceano se destaca logo na primeira audição por fugir do óbvio, trazendo harmonias que refletem o background da produtora no rock alternativo e no metal moderno, gêneros que ela domina desde a adolescência na Zona Leste de São Paulo.
A construção sonora: quando a guitarra encontra o 808
O diferencial de Azul Oceano reside na capacidade de SARTØR de unir dois universos aparentemente distantes sem que a fusão soe forçada. Com uma carreira consolidada como guitarrista — inclusive integrando a banda de Lucas Inutilismo —, a artista utiliza sua expertise nas seis cordas para criar texturas que conversam diretamente com as batidas eletrônicas do trap. O resultado é um instrumental denso, que serve de cama para versos que abordam a volatilidade do cotidiano e a incessante busca pelo sucesso, temas recorrentes na correria de quem vive de arte.
Segundo a própria produtora, esse crossover entre a guitarra pesada e o hip hop era um desejo antigo. Ela enxerga no momento atual da indústria a oportunidade perfeita para apresentar sua visão autoral. A faixa funciona como uma carta de intenções, onde a influência de riffs mais pesados não aparece apenas como um adorno, mas como parte fundamental da estrutura da música. Essa abordagem traz uma profundidade melódica que muitas vezes falta em produções focadas puramente no beat, tornando a experiência auditiva mais rica e complexa.
Romano e Niina: vozes que potencializam a melodia
A escolha dos featurings foi essencial para que a narrativa de Azul Oceano fosse entregue com a intensidade necessária. Romano, conhecido por sua potência melódica e por colaborações de peso com nomes como TZ da Coronel e Deluca, foi um nome que surgiu na mente da produtora desde as primeiras etapas de criação. Sua voz marcante consegue navegar com facilidade sobre a base instrumental carregada, criando um contraste interessante entre o peso do som e a fluidez do flow.
Já a participação de Niina traz um frescor indispensável ao single. Vindo de um excelente momento após o lançamento de “Swoosh” com DaLua, a artista é vista por SARTØR como uma das grandes promessas da cena. A química entre os três artistas é palpável, transformando a música em um diálogo coeso entre a produção refinada e a interpretação vocal. É essa soma de talentos que eleva o single a um patamar de destaque nos lançamentos da semana.
A trajetória de SARTØR e o futuro do projeto
Para entender a profundidade de Azul Oceano, é preciso olhar para a trajetória de quem assina a produção. SARTØR começou a se destacar aos 17 anos na cena do metal, mas foi em 2018, com o EP “xo”, que ela começou a desenhar sua identidade no hip hop alternativo. Após um período de imersão em Los Angeles focado em refinar sua assinatura sonora, ela retorna com uma bagagem que mistura vivências internacionais com a realidade crua do asfalto brasileiro.
Atualmente comemorando a marca de 100 mil ouvintes mensais no Spotify e vindo de produções relevantes como “HURACAN” com o cantor ZAM, a artista se prepara para uma fase ainda mais ambiciosa. O novo single serve como um termômetro para o que está por vir no EP de 2026.
A promessa é de um projeto que elevará ao máximo potencial a mistura de sintetizadores de trap moderno com guitarras distorcidas. Se Azul Oceano é apenas uma amostra, o público pode esperar um trabalho que desafia as convenções do mainstream, mantendo a autenticidade de quem conhece tanto o underground do metal quanto as tendências do rap.

