O jornal Metrópoles teve acesso exclusivamente às informações sobre as visitas do rapper Oruam, filho de um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), Marcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, ao pai.
O artista carioca possui um contato pessoal restrito com o pai, com visitas esporádicas. Marcinho está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, tendo sido transferido após deixar a penitenciária de segurança máxima de Catanduvas, desde o ano passado.
De acordo com um levantamento feito pela coluna de Mirelle Pinheiro, em 2025, o traficante recebeu oito visitas de familiares; entre irmãos, filhos, sobrinhos e sua companheira.
Oruam, até o momento, não esteve entre os visitantes. Em 2024, com a transferência de Marcinho VP para o presídio de Campo Grande, o número de visitas foi 59 entre amigos e familiares. O rapper, por sua vez, teve apenas uma visita registrada, no dia 21 de agosto.
No ano anterior, quando o criminoso ainda estava na penitenciária de Catanduvas, ele recebeu 71 visitas de familiares; incluindo mãe, filhos, irmãos, netos, sobrinhos e a parceria amorosa.
Já Oruam esteve com o pai apenas duas vezes ao longo do ano: nos dias 26 de junho e 9 de novembro. E apesar da distância física, ele faz questão de mencionar a sua origem e rebater as críticas quando preciso.
O que diz Oruam
O cantor integrante da gravadora Mainstreet, em seus posicionamentos, ressalta que não tem culpa pelo passado de seu pai, que ele está pagando pelo que fez e que não pode deixar de pedir a liberdade.
Em sua apresentação em um dos principais festivais de música do Brasil, o Lollapalooza, em São Paulo, no ano passado, Oruam causou repercussão ao subir ao palco vestindo uma camisa com a foto do pai e um pedido de “liberdade” estampado.
Por meio de sua redes sociais, comentou: “Apenas um grito de um filho com saudades do pai”.
A situação de Marcinho VP
Atualmente aos 53 anos de idade, Marcinho VP encontra-se atrás das grades desde 1996, quando tinha 26 anos. Hoje com 23 anos, Oruam nunca teve contato com o pai fora da prisão.
Apesar de estar preso há quase trinta anos, o traficante, mesmo assim, conseguiu consolidar e manter sua posição como um dos principais chefes do CV, ao lado de Fernandinho Beira-Mar.
Nascido em Vigário Geral e criado em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, após o assassinato do pai e a prisão da mãe, Marcinho, em um livro de memórias escritos na cadeira, revelou que começou a roubar aos 13 anos.
Segundo ele, seria “para comprar roupas de marca”. Rapidamente, ascendeu no tráfico e logo se tornou o líder do Complexo do Alemão – uma das regiões mais estratégicas para o tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
O criminoso teve inúmeras condenações resultando em sua prisão, totalizando 44 anos de pena. Uma delas foi o homicídio de Márcio Amaro de Oliveira, outro traficante conhecido pelo mesmo apelido de Marcinho VP.
Amaro foi encontrado estrangulado dentro de uma lata de lixo em Bangu 3 após revelar detalhes da atuação do Comando Vermelho na capital fluminense em entrevistas concedidas.
Atual polêmica envolvendo Oruam
Nas últimas semanas, Oruam vem enfrentando conflito com a vereadora Amanda Vettorazzo (União-SP), responsável por apresentar o “PL Anti-Oruam”, que proíbe a Prefeitura de São Paulo de contratar artistas que façam apologia ao crime organizado e ao uso de drogas.
Amanda chegou a convidar Oruam e MC Poze do Rodo para debaterem o projeto. “Esse projeto que ajuda a desmontar a lavagem de dinheiro do crime organizado parece ter irritado muito o MC Oruam, o MC Poze do Rodo e outros artistas. Eles até convocaram seguidores deles pra virem me atacar”, disse a vereadora em um de seus vídeos divulgados.