Se agosto foi o ápice da festa, setembro de 2025 foi o dia seguinte: um momento de reavaliação, onde a poeira baixou e ficou claro quem realmente tem uma base sólida.
A análise dos números do Spotify deste mês revela uma tendência fascinante: uma queda generalizada entre os líderes, sinalizando um reajuste natural do mercado após um período de alta. Contudo, é no meio dessa maré baixa que os verdadeiros movimentos estratégicos se destacam.
Enquanto a maioria viu seus números diminuírem, alguns artistas não apenas resistiram à correnteza, como nadaram contra ela, ganhando centenas de milhares de ouvintes.
Setembro não foi sobre quem gritou mais alto, mas sobre quem construiu um legado forte o suficiente para ecoar mesmo no silêncio. A ascensão meteórica de um pioneiro e a consolidação de nomes estratégicos redesenham o mapa do rap nacional. Vamos decifrar os números e as histórias por trás deles.
O Ranking: Os 10 Artistas de Rap/Trap Mais Ouvidos em Setembro de 2025
A tabela deste mês ganha uma nova coluna crucial: a variação numérica de ouvintes. Ela expõe a realidade por trás das posições e mostra quem, de fato, esteve em alta durante o mês.
Posição | Artista | Ouvintes Mensais | Variação (vs. Agosto) |
---|---|---|---|
| Bin | + de 11.120.000 | -980.000 |
| Oruam | + de 9.625.000 | -274.415 |
| Filipe Ret | + de 9.420.000 | -159.846 |
| Veigh | + de 9.236.000 | -63.564 |
| L7nnon | + de 9.081.000 | +181.584 |
| Orochi | + de 9.020.000 | +90.187 |
| MC Cabelinho | + de 8.741.000 | -208.521 |
| Wiu | + de 8.429.000 | -130.162 |
| Matuê | + de 8.350.000 | +650.819 |
| KayBlack | + de 7.968.000 | -261.606 |
Fonte: Dados públicos do Spotify. Variação calculada com base nos números de Agosto e Setembro de 2025.
Leia Tabém:
Análise Detalhada
1. O Top 4: A Calmaria no Olho do Furacão
O pódio permanece visualmente o mesmo, mas a história é de retração. Bin sentiu o maior impacto, com uma queda de quase 1 milhão de ouvintes. Isso não ameaça sua coroa, mas expõe a dependência de um fluxo constante de novidades para manter números estratosféricos.
Oruam, Filipe Ret e Veigh também viram seus números diminuírem, mas de forma muito mais branda, provando que seus públicos são resilientes. Eles se mantêm no topo pela força de seus catálogos, aguardando o próximo grande hit para reacender a curva de crescimento.
2. A Reviravolta do Mês: Matuê Não Estava Brincando
O grande destaque de setembro é, indiscutivelmente, Matuê. Em um mês onde 7 dos 10 artistas perderam ouvintes, ele foi na contramão e adicionou impressionantes +650.819 ouvintes mensais. Esse crescimento de quase 8.5% o catapultou da última para a nona posição.
O que isso significa? Que a força dos seus álbuns “Máquina do Tempo” e “333” é atemporal. Sem precisar de um single novo, Matuê prova que seu repertório se tornou parte fundamental da playlist do Brasil. É a maior demonstração de força de catálogo da cena atual e um sinal claro de que ele está se aquecendo para um retorno triunfal.
3. O Meio do Ranking: A Inversão de Poder
A briga no pelotão de elite foi onde o jogo realmente mudou:
- L7nnon foi o outro grande vencedor do mês. Ganhando mais de 181 mil ouvintes, ele saltou duas posições e se firmou no 5º lugar. Sua habilidade em transitar entre o rap, o pop e a publicidade, mantendo a autenticidade, se mostra uma estratégia vitoriosa.
- Orochi, em 6º lugar, também mostrou crescimento (+90 mil ouvintes), consolidando sua posição e provando que sua base de fãs continua ativa e engajada.
- Na direção oposta, MC Cabelinho foi quem mais perdeu terreno, caindo do 5º para o 7º lugar com uma perda de mais de 200 mil ouvintes. Esse movimento reflete um período sem grandes novidades musicais, evidenciando a competitividade voraz da cena.
Wiu e KayBlack fecham a lista sentindo a pressão. Ambos tiveram quedas significativas, com KayBlack perdendo mais de 260 mil ouvintes e se segurando por pouco no top 10. Para eles, o sinal de alerta está ligado: um novo trabalho de impacto se torna urgente para reverter a tendência.
Setembro foi um divisor de águas. O mês nos mostrou que, no streaming, a maré pode baixar para todos, mas apenas os alicerces mais fortes permanecem intactos e prontos para a próxima onda. A ressurreição de Matuê e a ascensão estratégica de L7nnon provam que, no rap, a corrida é uma maratona, não um sprint.