Hilário: Iann Guxtavo lança seu novo álbum com a filosofia de rir da crise

"Hilário": Iann Guxtavo transforma crises em combustível, entregando 12 faixas de rap autêntico e lirismo afiado que mapeiam o cenário nacional.
Hilario - Iann Guxtavo

O universo da cultura urbana acaba de ganhar um novo ponto de reflexão com o lançamento de “Hilário”, o álbum mais recente do rapper mineiro Iann Guxtavo. Distribuído pela Symphonic, este projeto de 12 faixas não é apenas um disco; é um espelho multifacetado que o artista de Belo Horizonte, criado em Malacacheta, usa para encarar o caos da vida, convidando o ouvinte a fazer o mesmo.

A ideia central por trás de “Hilário” reside justamente na ironia e na resiliência: a capacidade de transformar as dores e as experiências mais cruas em algo, no mínimo, curioso, um motor para seguir em frente. A narrativa é profundamente pessoal, marcando o amadurecimento visível na trajetória de Iann Guxtavo no Rap Nacional.

O álbum funciona como um diário em versos, onde cada canção é um estágio dessa evolução, traduzindo o peso das vivências diárias em rimas densas e autênticas.

Foi uma época em que eu vivi muita coisa, muita pressão, e ao invés de deixar aquilo me esmagar, decidi absorver como algo que eu poderia chamar de hilário. Virou combustível, entende? O tempo passou, os problemas ganharam novas formas, mas meu olhar sobre eles se renovou.

Explica o artista, deixando claro o fio condutor que costura todas as faixas.




A Estética Sonora: Boombap “Sujo” e Rap Alternativo que Reflete a Rua

O que torna “Hilário” um lançamento imperdível para os fãs de Rap, Trap e R&B não é apenas a poesia lírica de Guxtavo, mas a arquitetura sonora que ele escolheu para sustentar a mensagem. Longe do óbvio, o rapper bebe diretamente da fonte do boombap mais encorpado, aquele que carrega um peso e uma textura quase “suja”, mesclando-o com elementos do jazz.

O resultado é um rap alternativo que ressoa a essência da rua, combinando lirismo afiado, autenticidade e uma estética sonora que pende para o experimental e o sombrio.

Essa fusão cria uma obra singular, que se destaca no cenário independente do hip hop. A qualidade da produção e a identidade única do artista mineiro são pontos de destaque. Ian Bueno, diretor da Symphonic Brasil, fez questão de ressaltar a força dessa combinação:

O Iann Guxtavo é um artista completo com uma identidade única. Essa combinação do boombap com o experimental é fantástica. Além disso, você consegue absorver o sentimento que ele passa em cada faixa, porque é algo que muitos vivem no dia a dia.

Convocações de Peso: A Força da Coletividade no Álbum

Para solidificar a visão artística e a profundidade de “Hilário”, Iann Guxtavo não economizou nas colaborações. A lista de participações é extensa e estratégica, trazendo nomes que não apenas agregaram vocalmente, mas que compartilham uma visão de coletividade e arte de rua. A ideia foi ir além do feat casual, construindo um time que estivesse junto no “corre” do lançamento.

O álbum conta com a presença de talentos como Brasileiro, Pete Mcee, MZ, Ca$hline, Bardek, j3llyX, astavodois, dubbeatzz, DOISBXD, Lucas Grilo, pibara, Guelca, Barcellos, Shark47 e fredplugz. Essa união de forças é crucial para o panorama do hip hop brasileiro, onde a força da comunidade dita o ritmo da inovação.

Minha intenção era trazer pessoas que eu realmente admiro, com quem tenho uma conexão real. Eles não entregaram só a voz ou umas linhas; eles ajudaram no processo criativo, estão comigo na divulgação, na luta para que o álbum chegue mais longe. É uma felicidade enorme ter todo mundo envolvido.

Afirma Guxtavo.



O Roteiro de uma Vida em 12 Faixas de Rap

O alinhamento das 12 músicas de “Hilário” é quase um roteiro cinematográfico das agruras e superações do artista. De faixas introspectivas a críticas contundentes, a tracklist mapeia a mente de Iann Guxtavo.

A jornada começa com “Me Perdoe!” ao lado de Brasileiro e Pete Mcee, passa pela reflexão de “Carta pro Sistema” com MZ e a dualidade de “Dupla Face”, que também tem MZ e Ca$hline.

A crítica social e a introspecção continuam em “Indústria Musical”, com dubbeatzz, e o título “Hilário (Interlúdio)” funciona como um respiro e ponto de virada, antes de mergulhar em “Jardim do Éden” (feat. DOISBXD) e o poético “Poema Náufrago” (feat. Lucas Grilo). O álbum encerra com a força de “O justo falha, mas não treme”, que conta com fredplugz, solidificando a mensagem de resiliência.

Com a chegada do álbum às plataformas, o artista mineiro já tem planos de intervenções artísticas na capital paulista e shows de lançamento, além de uma série de audiovisuais que serão divulgados em seu canal, mantendo o conteúdo fresco para os entusiastas da cultura de rua.

“Hilário” é, em essência, a prova de que o rap experimental e o boombap continuam sendo a voz mais potente para narrar a vida intensa, complexa e, por que não, hilária, das ruas.

NARDONI

NARDONI

Carioca que não gosta de praia, apreciador de café e água com gáix, criador da RAP MÍDIA.

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