O funkeiro MC Poze do Rodo, um dos nomes mais populares do funk carioca, voltou a ser assunto fora das pistas. Desta vez, o motivo é a convocação feita pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para que ele preste esclarecimentos sobre a recuperação de sua Land Rover Defender blindada, roubada no Recreio dos Bandeirantes e devolvida poucas horas depois — sem nenhuma ação policial envolvida.
O caso levantou suspeitas e se tornou tema central da CPI das Câmeras, comissão que investiga possíveis irregularidades em empresas de monitoramento e associações de proteção veicular no estado do Rio.
Entenda o caso: roubo e recuperação em tempo recorde
No dia 18 de setembro, o carro de luxo de Poze foi roubado no Recreio, zona sudoeste do Rio. O funkeiro não estava presente no momento do crime, já que o veículo havia sido emprestado a dois amigos.
Horas depois, o cantor surpreendeu seus seguidores ao publicar vídeos mostrando que o automóvel havia sido recuperado rapidamente, em perfeitas condições e com o tanque cheio.
A situação, que seria motivo de alívio para qualquer pessoa, acabou gerando estranheza: como um carro roubado pode reaparecer tão rápido, sem registro de operação policial ou negociação formal?
Essa recuperação “relâmpago” despertou desconfiança de parlamentares e investigadores, já que a maioria dos cidadãos que passa por uma situação semelhante dificilmente tem o mesmo desfecho.
Por que Poze foi convocado pela CPI das Câmeras da Alerj
A CPI das Câmeras, criada em junho deste ano, tem como objetivo investigar possíveis esquemas entre empresas privadas de segurança, associações de proteção veicular e organizações criminosas.
O foco da comissão é entender se há pagamento de resgates a criminosos em troca da devolução de veículos roubados, prática que, se confirmada, seria ilegal e colocaria em xeque todo o sistema de segurança privada.
O caso de Poze do Rodo foi usado como exemplo pela comissão por ser considerado “fora da curva”.
O presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch, afirmou publicamente que quer entender como o carro foi devolvido tão rapidamente, com combustível no tanque e sem pedido de resgate.
Poze já havia sido convidado para prestar esclarecimentos, mas não compareceu. Diante da ausência, a Alerj decidiu pela convocação oficial, marcada para o dia 20 deste mês.
O que a CPI quer descobrir com o depoimento de Poze do Rodo
Durante a sessão, o cantor deverá explicar passo a passo como se deu a recuperação do veículo e quem participou desse processo.
Entre as principais dúvidas dos parlamentares estão:
- Quem localizou o carro e de que forma.
- Se houve contato com seguradoras, empresas de rastreamento ou terceiros.
- Por que o veículo foi devolvido sem intervenção policial.
- Se houve pagamento, acordo ou intermediação de pessoas ligadas a associações de proteção veicular.
- Se o roubo foi devidamente registrado em boletim de ocorrência e se existe documentação formal da recuperação.
Essas informações podem ajudar a CPI a entender se há relação entre a recuperação de veículos e o possível pagamento de valores para grupos criminosos, o que seria um indício de um esquema ilegal.
Bastidores da CPI das Câmeras
A CPI das Câmeras foi instaurada em junho de 2025 com o objetivo de investigar empresas de videomonitoramento e associações de proteção veicular que, supostamente, estariam envolvidas em práticas irregulares.
Nos últimos meses, os deputados ouviram empresários, representantes de seguradoras e até detentos que teriam participado de esquemas de roubo e recuperação de veículos no estado.
O grupo parlamentar também discute novas propostas de lei que visam regulamentar com mais rigor o setor de proteção veicular e o funcionamento de empresas de segurança privada, coibindo práticas ilegais e aumentando a transparência.
A comissão, que originalmente terminaria seus trabalhos neste mês, pode ter os prazos prorrogados até dezembro devido ao volume de informações e novas denúncias recebidas.
O impacto do caso Poze do Rodo no debate público
O episódio da Land Rover de Poze do Rodo vai muito além de um simples caso de roubo e recuperação. Ele escancara a diferença de tratamento entre celebridades e cidadãos comuns quando o assunto é segurança e eficiência do sistema.
Enquanto milhares de pessoas enfrentam longos processos burocráticos para tentar recuperar um veículo roubado, o carro do cantor apareceu em poucas horas — abastecido e sem sinal de violência.
Isso levanta debates importantes: há privilégios envolvidos? Existem empresas atuando fora da lei? Ou o caso foi apenas uma coincidência?
Independentemente das respostas, o caso ganhou destaque nacional e reacendeu a discussão sobre o papel das empresas privadas de segurança, a fiscalização pública e a transparência nas operações de proteção veicular no Brasil ou a fama do artista.