A Justiça do Rio de Janeiro decidiu manter o rapper Oruam — nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno — preso, após negar o pedido de habeas corpus apresentado por sua defesa.
A decisão ocorreu em 6 de agosto de 2025, com base em elementos graves descritos no processo que apontam risco à ordem pública caso ele seja solto. A defesa já sinalizou que apresentará recurso.
Contexto: a prisão e as denúncias
O rapper está detido preventivamente desde 22 de julho de 2025, depois de se entregar à polícia, que cumpria um mandado de busca e apreensão na sua residência no Joá, zona oeste do Rio.
O alvo era um adolescente suspeito de tráfico que estaria abrigado na casa de Oruam. Durante a ação, o artista — segundo o Ministério Público — e outras pessoas teriam atirado pedras em policiais civis, gerando diversas acusações formais.
Em 30 de julho, a Justiça aceitou a denúncia e tornou Oruam réu por tentativa de homicídio qualificado, além de outros crimes como associação ao tráfico, resistência, desacato, ameaça e dano.
A decisão judicial: justificativa para manter a prisão
No pedido de habeas corpus, a defesa alegou ilegalidade na prisão preventiva e pediu sua conversão em medidas alternativas, como monitoramento por tornozeleira eletrônica. Alegou ainda que a ação policial envolveu irregularidades e que o artista sofria perseguição.
Porém, a desembargadora Márcia Perrini Bodart, da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, rejeitou o habeas corpus. Em sua decisão, destacou a “postura audaciosa” de Oruam, que teria desafiado os policiais de forma direta, não apenas nas redes sociais, mas também pessoalmente — justificativa suficiente para manter a custódia diante do risco à ordem pública.
Condições na prisão e repercussões públicas
Após a audiência de custódia, Oruam foi transferido para uma cela coletiva na Penitenciária Serrano Neves (Bangu 3), local onde estão detentos ligados ao Comando Vermelho.
A notoriedade do caso ultrapassou o campo jurídico, ganhando destaque na mídia nacional e gerando debates sobre cultura, violência e liberdade de expressão.
Oruam, que pôs em discussão temas como favela, ancestralidade e repreensão estatal em suas letras e performances, agora enfrenta um julgamento que pode impactar seu legado artístico e discurso.
O que vem pela frente: próximos passos
A defesa de Oruam já anunciou que vai recorrer da decisão da desembargadora Bodart. Agora, aguarda-se movimentação no Tribunal de Justiça do Rio, com posicionamento previsto do Ministério Público e da juíza Tula Corrêa de Mello, da 3ª Vara Criminal, que havia decretado a prisão.
Enquanto isso, Oruam segue preso em Bangu 3, acompanhando o desenrolar do caso que coloca seu futuro artístico e liberdade em jogo.