PF prende Buzeira em operação contra lavagem de dinheiro

Operação tem objetivo de desarticular esquema de lavagem de dinheiro com o uso de bets, vinculado ao tráfico internacional de drogas.

O influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, foi preso pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 14 de outubro de 2025, durante uma operação de grande escala que investiga um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional de drogas.

A ação, batizada de Operação Narco Bet, teve cumprimento de mandados em quatro estados e colocou um dos maiores nomes das redes sociais brasileiras no centro de uma investigação milionária.

A prisão de Buzeira pegou o público de surpresa. Com mais de 15 milhões de seguidores, o influenciador ficou conhecido por ostentar carros de luxo, joias, festas e rifas milionárias em seu perfil no Instagram.

Ele chegou a presentear o jogador Neymar com um colar de ouro avaliado em cerca de R$ 2 milhões, episódio que o projetou ainda mais no cenário digital.






Quem é Buzeira: do desemprego à fama e à prisão

Natural de Itaquera, zona leste de São Paulo, Buzeira sonhava em ser jogador de futebol, mas acabou seguindo outros caminhos. Antes da fama, trabalhou em uma empresa de comércio exterior e, após ser demitido durante a pandemia, passou a investir nas redes sociais. Seu carisma e o estilo de vida extravagante logo conquistaram uma legião de seguidores.

O influenciador construiu sua imagem em torno de sorteios, rifas e promoções de alto valor, muitas vezes envolvendo carros e prêmios milionários. No entanto, o que parecia ser apenas ostentação digital acabou chamando a atenção das autoridades.

Ainda em 2023, ele passou a ser investigado por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e exploração de jogos de azar, especialmente por meio do que ficou conhecido como o “jogo do bicho digital”.

Operação Narco Bet: como funcionava o esquema

De acordo com a Polícia Federal, a Operação Narco Bet é um desdobramento de outra ação, chamada Narco Vela, que investigava o tráfico internacional de drogas realizado através de embarcações de luxo.

As investigações apontaram que o grupo criminoso utilizava empresas de apostas eletrônicas, conhecidas como bets, para movimentar valores obtidos com o tráfico e disfarçar a origem ilícita do dinheiro.

As movimentações envolviam transferências internacionais, criptomoedas e remessas financeiras complexas, dificultando o rastreamento dos valores.

Parte do dinheiro era enviada para empresas de fachada registradas no setor de apostas, dando aparência de legalidade a recursos que, na prática, vinham do narcotráfico.

Durante a operação, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e 11 ordens de prisão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina.

A Polícia Federal também bloqueou bens e valores que somam mais de R$ 630 milhões. Carros de luxo, dólares em espécie e relógios de alto valor foram apreendidos. O irmão de Buzeira também foi preso.





Criptomoedas, apostas e luxo: o novo rosto do crime financeiro

A investigação mostra uma nova tendência no crime organizado brasileiro: o uso de influenciadores digitais e plataformas de apostas online como fachada para lavagem de dinheiro.

O caso Buzeira expõe como a popularização das bets e das criptomoedas abriu espaço para operações financeiras sofisticadas e de difícil rastreio.

Especialistas em crimes cibernéticos apontam que esse tipo de esquema mistura o glamour das redes sociais com estratégias financeiras que ultrapassam fronteiras.

É o crime de “colarinho branco” com cara de lifestyle digital. Buzeira, com sua imagem de sucesso e riqueza, teria sido uma das faces mais visíveis dessa engrenagem.

Repercussão e próximos passos

A prisão de Buzeira repercutiu imediatamente nas redes sociais. Seu nome ficou entre os assuntos mais comentados do Brasil, e muitos fãs se mostraram incrédulos com as acusações. Outros, no entanto, afirmaram que o influenciador já despertava desconfiança pela ostentação exagerada e por rifas pouco transparentes.

A Polícia Federal reforçou que as investigações continuam e que novas fases da operação podem ocorrer, incluindo a prisão de outros envolvidos. Buzeira e os demais suspeitos devem responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e participação em organização transnacional ligada ao tráfico de drogas.

Até o momento, a defesa de Buzeira não se manifestou publicamente sobre o caso.

NARDONI

NARDONI

Carioca que não gosta de praia, apreciador de café e água com gáix, criador da RAP MÍDIA.

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